II Congresso de Ensino de Linguagens (2022)

On-line

April 25, 2022 – April 28, 2022


O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), o grupo de pesquisa Educação Linguística na Rede Técnica e Tecnológica (ELIRTE) e o Caderno de Ensino, Linguagens e suas Tecnologias (CELTE) promovem o II Congresso de Ensino de Linguagens (CEL) de 25 a 28 de abril 2022 de modo on-line e gratuito. O evento é composto por conferências, mesas-redondas, minicursos e comunicações orais agrupadas em simpósios temáticos. O público-alvo do evento é formado por professores, estudantes de licenciaturas e pesquisadores das áreas de Letras e Linguística.

 

PUBLICAÇÃO DE TEXTO COMPLETO

Os palestrantes, coordenadores de simpósio ou minicurso e os apresentadores de comunicação oral poderão submeter o texto completo sobre a atividade/apresentação ao n. 6 do Caderno de Ensino, Linguagens e suas Tecnologias (CELTE) de 01 a 31 de maio de 2022 (previsão de publicação em dezembro de 2022). Confira as diretrizes para autores clicando aqui.

 

INSCRIÇÃO DE OUVINTES

O período de inscrição de ouvintes vai de 11 a 22 de abril de 2022 e pode ser feita clicando-se aqui.

 

 

Programação dos simpósios temáticos e minicursos

Resumos do II CEL

 

Minicursos

Questões contemporâneas acerca do letramento literário

Camila Franquini Pereira (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Há um mercado de autores e um circuito de críticos que escrevem (sobre) obras que quase ninguém lê, e a disciplina escolar dedicada ao estudo da literatura resiste como um espaço para a formação de leitores literários. Em contrapartida, os cursos de Letras pouco se dedicam ao tema, o que resulta na formação de professores que, de forma geral, não adotam critérios claros para a seleção das obras e da orientação metodológica para o trabalho em sala de aula. Em decorrência desse cenário, este minicurso se interessa por pensar caminhos didáticos para a formação do leitor literário na escola. O objetivo geral é apontar como tornar a leitura uma experiência subjetiva, afetiva, crítico-reflexiva, social e simbólica, ou seja, de aprendizagem. A proposta é, inicialmente, discutir a importância da literatura à luz do ensaio O direito à literatura, de Antônio Cândido, e da obra A literatura em perigo, de Todorov. Espera-se concluir que objetivos específicos o ensino de literatura enquanto disciplina escolar almeja alcançar e apontar se a BNCC traz orientações pertinentes, segundo os professores e pesquisadores da área. A partir disso, buscaremos critérios e métodos de trabalho que são mais efetivos para o estímulo à formação de alunos leitores, e o que cabe à escola na disputa pelas suas identidades leitoras.  Destacaremos, nesse ínterim, a substancialidade de sermos nós, professores, também leitores de literatura. Em sequência, apresentaremos formas de adentrar a obra e de desenvolver o fôlego de leitora, e como propor avaliações formativas, que permitem que o professor compreenda os impactos – sejam os percalços ou os sucessos – da leitura. A articulação das dimensões texto e leitor é incontornável nesse processo, assim como a socialização da leitura. Ao final, é esperado que os cursistas encontrem caminhos para um trabalho com a literatura que valorize a experiência estética e a leitura de fato da obra, contra a cultura dos comentários e das listas de características dos movimentos literários. As reflexões propostas serão iluminadas pelas reflexões de pesquisadoras contemporâneas como Regina Zilberman, Maria Coelho de Paula e Teresa Colomer.

Palavras-chave: leitor literário; identidade leitora; ensino de literatura

 

O fomento da consciência do componente fônico na formação de professores de E/LE

Thaisa Alves Alves Brandão (Universidade do Estado da Bahia)

A questão que será discutida no minicurso, remete a uma das necessidades formativas mais necessárias ao professor de E/LE no exercício da sua profissão, e ao mesmo tempo, a menos trabalhada em sua formação, que é a pronunciação. Na literatura concernente à temática, são frequentes as referências a ela como “a disciplina que falta” ou “a gata borralheira do ensino de LE”. Os responsáveis diretos destas percepções são o Método Comunicativo, que não delegou um lugar para a pronunciação e os cursos de Licenciatura em Letras/Espanhol, que não concebem em seus currículos a fala, como uma das atividades da língua.   Durante a formação de professores de E/LE, o estudo sobre o componente fônico na disciplina Fonética e Fonologia, costuma ser superficial e quando existe, se prima pela apresentação teórica do tema. Por conseguinte, não permite que se aprecie a importância do componente fônico na aquisição e/ou aprendizagem da LE, assim como no seu ensino e aprendizagem, sobretudo pela interfonologia LM/LE, tanto em nível segmental quanto prosódico. Como forma de fazer frente à carência de atividades formativas que se proponham a discutir a temática, este minicurso tem como objetivos: refletir sobre o não lugar, e em seguida, determinar o lugar  do componente fônico na formação dos professores de E/LE brasileiros, no contexto de ensino e aprendizagem do Brasil e, estabelecer as pautas necessárias ao fomento da consciência do componente fônico na formação de professores de E/LE. Metodologicamente se insere no marco da Fonética Contrastiva, e do ponto de vista teórico, trabalhará sob a égide das teorias que vinculam a produção à percepção, como Surdeira Fonológica (Polivanov, 1931) e o Filtro Fonológico (Trubetzkoy, 1939), e o Modelo de Aprendizagem da Fala proposta por Felge (1981, 1991, 1995).

Palavras-chave: Consciência; Componente fônico; Interfonología português-espanhol; formação de professores de espanhol

 

(Multi)letramentos no ensino de língua(gens), produção e análise de gêneros multimodais na BNCC: diálogos e desafios contemporâneos

Francisco Jeimes de Oliveira Paiva (Universidade Federal da Bahia / Universidade Estadual do Ceará); Ana Maria Pereira Lima (Universidade Estadual do Ceará)

No cerne político-pedagógico da BNCC, o ensino de Língua Portuguesa deve propiciar uma “participação mais plena dos jovens nas diferentes práticas socioculturais que envolvem o uso das linguagens” (BRASIL, 2018, p. 481). Para tanto, este minicurso propõe aos participantes a compreensão de que o ensino na atualidade precisa desenvolver as diferentes formas de uso das língua(gens) (verbal, corporal, plástica, musical, gráfica etc.), já que enquanto atores sociais, devemos participar de práticas com proficiência e consciência cidadã, nas quais os(as) alunos(as) alcancem o desenvolvimento de certas competências básicas para o trato com as línguas, as linguagens, as mídias e as múltiplas práticas letradas, de maneira crítica, ética, democrática e protagonista (ROJO, 2009). Outrossim, em todos os casos, a Base apreende que “as práticas de linguagem contemporâneas não só envolvem novos gêneros e textos cada vez mais multissemióticos e multimidiáticos, como também novas formas de produzir, de configurar, de disponibilizar, de replicar e de interagir” (BRASIL, 2018, p. 68). Ademais, neste minicurso, procuramos introduzir, contextualizar, analisar e exemplificar as práticas de (multi)letramentos no ensino de língua(gens), produção e análise de gêneros multimodais preconizados pela BNCC, na perspectiva dos estudos sociossemióticos, partindo das experiências em diversas atividades da comunicação multissemiótica que têm solicitado de todos(as), especialmente dos(as) professores(as) e estudantes, uma autorreflexão, abertura para diálogos plurais e para outras possibilidades de trabalho pedagógico (PAIVA, 2019, 2020), levando em conta a “prática de letramento da escrita, do signo verbal [que] deve ser incorporada à prática de letramento da imagem, do signo visual” (DIONÍSIO, 2005, p. 160). Diante deste contexto de comunicação multimodal, concordamos que é essencial que nos apropriemos de novas capacidades e práticas de compreensão dos conteúdos (ROJO, 2012), e percebamos a inclusão de desenhos ou imagens (fotos, vídeos etc.) na prática de produção de textos e na prática textual/discursiva de análise linguística/semiótica, como efeito da implementação/execução dos conteúdos mínimos norteadores da BNCC. Isso pode contribuir para os (multi)letramentos na escola, a partir do desenvolvimento linguístico, discursivo e cognitivo-funcional dos(as) estudantes, tornando-os capazes de apropriar-se do poder sociossemiótico da leitura/escrita e da capacidade de manusear com eficiência as ferramentas e/ou recursos multimodais (LIMA; FIGUEIREDO-GOMES; SOUZA, 2019) que se apresentam cotidianamente nos meios sociais e midiáticos na contemporaneidade.

Palavras-chave: (Multi)letramentos; Ensino de Língua(gens); Produção e Análise Sociossemiótica; Gêneros Multimodais; BNCC.

 

Gêneros discursivos (multimodais) no ensino de língua portuguesa

Rodrigo Albuquerque (Universidade de Brasília)

Partindo do pressuposto de que o ensino de Língua Portuguesa ancorado em bases sociointeracionais, pragmáticas e discursivas dê visibilidade a uma língua em uso e, mais ainda, a uma língua como ação social, propomos, neste minicurso, explorar um conjunto teórico-metodológico atinente à noção de gêneros discursivos, à abordagem multimodal interacional e às sequências didáticas, com vistas a aplicar tais conhecimentos em situações concretas previstas no ensino de Língua Portuguesa. Fundamentam essa proposta (i) uma noção de gêneros hibridizada pela intertextualidade de escolas distintas (MOTTA-ROTH, 2008) – perspectivadas sócio-histórica, dialógica, cultural, sociológica e retoricamente (BAKHTIN, 2015 [1992]; BAZERMAN, 2014 [2004]; MILLER, 1984) – e focalizada em propriedades funcionais, que fazem emergir propriedades formais; (ii) uma abordagem multimodal interacional (NORRIS, 2004, 2006, 2011 [2009], 2014), cujas bases epistêmicas se assentam tanto na concepção de que o caráter multimodal atravessa todo e qualquer gênero (ALBUQUERQUE; BARRETO, no prelo) quanto nos conceitos-chave de interaçãomodo comunicativoação mediadadensidade modalrelação entre densidade modal, ações de nível superior e níveis de atenção, e configuração modal; e (iii) a metodologia de sequências didáticas (DOLZ et al., 2004), com vistas a articular práticas pedagógicas que partam de gêneros discursivos (multimodais) orais e escritos, como diagnose para o planejamento didático de atividades de leitura e de produção de textos instanciadas nas práticas socioculturais dos/as estudantes. A nossa expectativa é de que a interlocução com professores/as, graduandos/as, mestrandos/as e doutorandos/as possibilite a partilha de experiências pedagógicas e a elaboração de ensaios de sequências didáticas que possam ser, de algum modo, aplicadas em suas esferas de atuação – seja no ensino de Língua Portuguesa como primeira ou segunda língua.

Palavras-chave: gêneros discursivos (multimodais); ensino de Língua Portuguesa; sequências didáticas; leitura e produção textual.

 

Debates atuais e desafios no ensino de espanhol e suas variedades

Romina Leonor Toranzos (Universidade Estadual de Londrina)

A variação linguística observada na América Latina, junto com a fragmentação dialetal evidenciada no território espanhol têm suscitado inúmeros debates que, por sua vez, excederam os históricos espaços de discussão. Hoje, professores e alunos de espanhol elaboram questionamentos sobre as escolhas das diferentes variedades a ensinar e aprender. Existe uma variedade melhor do que outra? Quais palavras, de um lado e outro do Atlântico,devemos apresentar para nossos alunos? Ou, ainda, qual variedade está “certa” ou “errada”? Em cada encontro pedagógico, aspectos relacionados com esses e outros interrogantes podem aparecer e acreditamos que encontrar alguns caminhos de abertura para maiores reflexões é possível, toda vez que reconhecemos a existência de pluralidade de normas (GARATEA GRAU, 2006) presentes na América e na Europa. Ainda, destacamos, nesse contexto, a importância de começar a trabalhar com as contribuições que a Dialectologia (ALVAR, 1996) e a Sociolinguística (FONTANELLA DE WEINBERG, 1993; LIPSKI, 1996; SILVA CORVALÁN, 2001) ofereceram sobre a variação fonética, lexical e morfológica. Entre nossos objetivos para este minicurso, nos propomos revisar algumas das discussões atuais referentes às escolhas das variedades. Por outra parte, apresentar os principais aspectos referidos a variação, documentados nas áreas supracitadas,  para pensarmos as formas de afrontar as decisões quanto às variedades a ensinar.

Palavras-chave: espanhol-ensino-variedades

 

Incentivo à leitura em tempos pandêmicos: metodologias possíveis

Bruna Agliardi Verastegui (Secretaria Municipal de Educação de Capão da Canoa/RS)

A presente proposta de minicurso tem como objetivo descrever e analisar as relevâncias e fragilidades de sites e/ou aplicativos de leitura literária digital no período de isolamento social, uma vez que as aulas presenciais foram suspensas por conta da pandemia de covid-19. Para tal análise, utilizou-se como referencial teórico estudos que abordam a questão da leitura e também da leitura digital, por meio de aplicativos, tais como os escritos de Bordini (1986), Cosson (2006; 2014),  Grotta (2000), Kobayashi (2016), entre outros. De modo preliminar, verificou-se que os sites e aplicativos contribuem para que os alunos atinjam algumas das habilidades descritas na Base Nacional Comum Curricular (2019), principalmente no que tange a compreensão de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes perspectivas de mundo proporcionadas pelos textos literários. Ademais, notou-se que os sites e aplicativos, por conta de seus desafios e dinâmicas gamificados, podem incentivar o hábito da leitura mesmo em tempos de Ensino Remoto Emergencial.

Palavras-chave: Leitura Literária Digital; Ensino Remoto; Incentivo à Leitura.

 

Simpósios Temáticos

Da situação limite ao inédito-viável: a utilização das tecnologias digitais no ensino e aprendizagem de línguas

Marcelo Jose da Silva (Universidade Estadual do Paraná – Unespar) e Josimayre Novelli (Universidade Estadual de Maringá – UEM)

Durante o período de ensino remoto emergencial (ERE) imposto pela pandemia do COVID-19 percebeu-se a expansão da utilização das tecnologias digitais (TD) como forma de manutenção e viabilização da continuidade das práticas educacionais em diferentes contextos. Diante da “situação limite” (FREIRE, 1968) com a qual se depararam coube aos professores e às instituições de ensino, cada qual agindo de acordo com suas possibilidades, se mobilizarem a agir a fim de descobrir o “inédito-viável” (FREIRE, 1968). O novo paradigma educacional que emergiu neste contexto, devido à mudança do ensino presencial para o ensino remoto, promoveu transformações significativas no processo de ensino e aprendizagem. As mudanças trouxeram à tona dificuldades e obstáculos para a efetiva implementação do uso das tecnologias digitais na educação, dentre as quais se destacaram o despreparo e o incipiente letramento digital de professores em serviço, tanto na educação fundamental quanto no ensino superior. É sabido que as habilidades necessárias para a implementação das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) na educação não são rapidamente adquiridas, uma vez que requerem conhecimento técnico, teórico e metodológico. Desta forma, um dos principais desafios que precisaram ser superados para a implementação do ERE foi a falta de treinamento dos professores, fator também observado no contexto da formação docente, já que  professores com pouco ou nenhum contato com a utilização das tecnologias digitais em sua formação inicial ou continuada apresentam maior resistência a sua implementação, maior dificuldade para ação e, consequentemente, menor probabilidade de buscar meios inovadores para o desenvolvimento de aulas no ambiente on-line. Nesse sentido, o presente simpósio pretende dialogar e refletir sobre as perspectivas teórico-metodológicas de ensino e aprendizagem que embasam a formação inicial e continuada de professores de línguas para o uso das TDICs em suas práticas pedagógicas, bem como sobre resultados de pesquisas em andamento ou concluídas que tiveram esse foco. Assim, espera-se promover discussões sobre a formação docente inicial e continuada no cenário de pós-pandemia, bem como sobre propostas e inovações metodológicas mediadas pelo uso das TD.

Palavras-chave: formação de professores; inovação; tecnologias digitais.

 

Desenvolvimento de habilidades e estratégias no processo de ensino-aprendizagem da escrita

Marcus Vinicius Brotto de Almeida (IFRJ)

Como as investigações e as descrições sobre produção textual podem enfocar o processo ou o produto da escrita, as abordagens instrucionais sobre escrita também tenderão a reproduzir tal enfoque. Desse modo, as abordagens que privilegiam o produto da escrita voltam a atenção para a materialidade linguística e os padrões estruturais dos textos. Apesar de esses serem aspectos relevantes, as abordagens didáticas da escrita centradas no produto, por não fornecer instrução sobre como efetivamente se produz texto, podem reforçar a crença de que escrever com fluência é uma questão de dom ou de que as dificuldades de escrita decorrem de uma deficiência que não pode ser pedagogicamente abordada. Por seu turno, as abordagens processuais da escrita, inspiradas em conceitos provenientes da Psicologia Cognitiva e da Psicologia do Desenvolvimento, consideram a atuação do redator nos contextos de composição, abarcando os conhecimentos, os procedimentos e os fatores afetivos e motivacionais relacionados à escrita. Por meio do contraste entre os desempenhos de redatores maduros e de inexperientes, tais abordagens visam compreender os estágios de desenvolvimento das habilidades de escrita e, ao voltar a atenção para o processo de composição, debruçam-se sobre os procedimentos adotados pelo redator para intencionalmente intervir sobre o seu próprio desempenho por meio do estabelecimento de objetivos, avaliação do desempenho e adoção de medidas para corrigir ou potencializar o desempenho, abarcando, assim, conceitos como atuação metacognitiva, controle executivo e autorregulação (GRIFFITH; RUAN, 2005; McCORMICK, 2003; ZIMMERMAN; RISEMBERG, 1997). Um dos desafios postos aos pesquisadores e educadores consiste na transposição do conhecimento acumulado nessas pesquisas, frequentemente conduzidas em laboratórios, para abordagens didáticas que considerem a processualidade da escrita e que sejam compatíveis à realidade da sala de aula. Assim, o objetivo deste simpósio é congregar pesquisadores que investiguem o processo de ensino e/ou aprendizagem da processualidade da escrita no contexto educacional. Serão aceitas comunicações que versem sobre a concepção, implantação e/ou avaliação de abordagens didáticas centradas no processo de escrita e de metodologias focadas no tratamento de dificuldades de escrita.

Palavras-chave: Escrita. Processo de composição; Ensino; Aprendizagem; Metacognição.

 

Ensino de língua portuguesa: leitura, produção textual, argumentação e referenciação

Júlia Vieira Correia (UFRJ) e Cristiane Dall' Cortivo Lebler (UFSC)

Desde meados dos anos de 1980, vários fatores têm impulsionado mudanças no ensino de língua portuguesa, tais como a ampliação e o aprofundamento das pesquisas no campo da Linguística e da Linguística Aplicada e a publicação de documentos oficiais norteadores do Ensino Básico, a exemplo dos Parâmetros Curriculares Nacionais e da Base Nacional Comum Curricular. Esses eventos têm lançado novas luzes sobre as propostas pedagógicas e as abordagens para o ensino da leitura, da oralidade, da escrita e da análise linguística, em acordo com perspectivas que valorizam a língua em uso segundo uma concepção sociointeracionista de linguagem. Nesse cenário, ganham importância as práticas de leitura e de produção textual, sejam elas orais e escritas, e as estratégias para a construção da argumentação, tais como a referenciação, que funciona como instrumento para recategorizar objetos de discurso e para evidenciar posicionamentos e orientações argumentativas. Assim, este simpósio temático tem como objetivo reunir trabalhos que discutam, numa perspectiva teórica ou aplicada, a convergência entre os temas da leitura e da produção textual – oral ou escrita –, da referenciação e da argumentação, sejam elas voltadas para o ensino básico ou superior. Tais pesquisas poderão estar fundamentadas em abordagens teóricas que tomem o texto/discurso como objeto central no ensino-aprendizagem de língua portuguesa (MARCUSCHI, 2010; KOCH, 2003, 2006, 2012; ANTUNES, 2003; SANTOS, RICHE, TEIXEIRA, 2013; BARBISAN, 2005; CABRAL, 2013, 2016, 2003; GERALDI, 2011, 2013; COSSON, 2018; PCN, 1997; BNCC, 2018). Poderão ser submetidas propostas que apresentem I. relatos de práticas de ensino de leitura e de produção textual oral e escrita, tanto no ensino básico quanto superior; II. reflexões teóricas acerca das temáticas abarcadas por este simpósio, como a perspectiva sociointeracionista do texto e a referenciação, além das abordagens sobre a argumentação; III. análises de corpora variados segundo as perspectivas teóricas indicadas. Como resultado, espera-se que este simpósio proponha debates atualizados sobre possibilidades no ensino de língua portuguesa em torno da leitura e da produção textual a partir de trabalhos teóricos e práticos nos quais estejam relacionadas Linguística de Texto, referenciação e argumentação.

Palavras-chave: ensino de língua portuguesa; produção textual; argumentação; referenciação.

 

Ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na universidade: construindo espaços e práticas plurilíngues

Alex Sandro Beckhauser (Universidade Estadual de Feira de Santana) e Iranildes Almeida de Oliveira (Universidade Estadual de Feira de Santana)

A universidade pode ser considerada um espaço privilegiado para a formação de sujeitos plurilíngues. Ela busca suprir uma demanda em torno da oferta de línguas estrangeiras (LE), que historicamente é pensada sob a ótica de projetos de governo e à luz dos contextos geopolíticos e ideológicos. Em seu interior, os cursos ofertados, sejam eles no âmbito da graduação ou de ações extensionistas, são resultados de processos de elaboração, gestão e implementação de políticas linguísticas in situ, que buscam construir e ampliar espaços de educação linguística plural e inclusiva, além de se consolidarem como agenciamentos voltados à formação inicial e continuada de professores. No âmbito da internacionalização, as instituições de ensino superior brasileiras têm passado por uma reestruturação em sua política de línguas, a fim de ampliar a competência plurilíngue de seu corpo docente, discente e técnico. Essa reestrutura amplia as condições de circulação de línguas, pessoas e ideias, implicando a necessidade de planejamento, gestão e execução de ofertas de cursos de línguas além do inglês. Na atual conjuntura, a internacionalização é considerada um processo irreversível, cujas iniciativas de ensino e aprendizagem de LE operam como agentes facilitadores de espaços e práticas plurilíngues. Nesse sentido, a universidade pode ser considerada uma das bases fundamentais para a construção e valorização desses espaços e práticas, como forma de atender múltiplas demandas em nível local e nacional. Com base nessa reflexão, o objetivo deste simpósio é socializar experiências que visem à construção, promoção e fortalecimento de espaços e práticas plurilíngues no âmbito das universidades. O simpósio abre espaço de discussão e socialização para iniciativas ligadas a pesquisa, ensino e extensão, Idiomas sem Fronteiras, cursos extracurriculares, entre outros, cujo foco esteja voltado ao ensino-aprendizagem de LE e/ou à formação inicial de professores. Poderão participar alunos bolsistas ou voluntários com seus orientadores, docentes e coordenadores pedagógicos e institucionais das iniciativas anteriormente aludidas.

Palavras-chave: Universidade; Políticas linguísticas; Espaços plurilíngues; Línguas estrangeiras

 

Literatura(s) e outros saberes: leituras de mundo e possibilidades humanizadoras de ensino-aprendizagem

Meire Oliveira Silva (USP / UFMA)

A dimensão interdisciplinar e interdiscursiva que permeia o ensino de Literatura aponta para aspectos sociais envoltos em práticas pedagógicas e tecnologias mormente atravessadas por demandas éticas e cidadãs (ainda) mais urgentes, sobretudo, nos últimos dois anos pandêmicos, quando a educação para os Direitos Humanos passou a ser premente. As Artes e Literaturas, como manifestações genuínas da linguagem, compreendem signos que ultrapassam fronteiras e alcançam expressões afeitas às intermidialidades que contemplam a complexidade contemporânea das imposições tecnológicas. Desse modo, as leituras literárias precisam estar em consonância com a possibilidade de ultrapassar os suportes físicos e digitais em uma sublime e transcendente leitura de mundos (FREIRE, 1988) (im)possíveis em uma sociedade cada vez mais digital e globalizada a pressupor desafios no que tange às subjetividades e alteridades. Desse modo, é preciso considerar a dimensão humanizadora que tensiona o direito à Literatura (CANDIDO, 1995), como uma garantia fundamental atrelada à expansão do acesso aos saberes como ferramentas capazes de assegurar democraticamente os Direitos Humanos no embate cotidiano e incessante frente à barbárie. De acordo com o professor Antonio Candido, um dos maiores nomes da crítica literária brasileira, “a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos.” Logo, o ensino literário deve observar diversas possibilidades de gêneros, suportes e linguagens, a fim de provocar novas práticas de letramento literário, tanto na esfera escolar como junto à comunidade. A recepção da obra, por sua vez, pode alçar os leitores à condição de atores sociais permeados por autonomia e responsabilidade de (re)construir uma sociedade justa por meio da criticidade e do afeto diante da obra (artística) literária. Sendo assim, este Simpósio Temático está aberto ao diálogo com propostas de ensino de Artes e Literaturas que possam promover reflexões humanizadoras diante das imposições neoliberais e globalizadas ditadas por algoritmos e outros subterfúgios alienantes.

Palavras-chave: Literatura; Educação; Direitos Humanos; Interartes; Interdisciplinaridade

 

(Multi)letramentos, oralidade, tecnologias digitais: experiências e/ou pesquisas sobre ensino de línguas

José Ribamar Lopes Batista Júnior (Universidade Federal do Piauí) e Vicente de Lima-Neto (Universidade Federal Rural do Semi-árido)

O conceito de escola e de prática educacional tem mudado nas últimas décadas, extrapolando a formação acadêmica e caminhando rumo à construção de habilidades. Nessa trajetória, comunidades e estudantes que não eram contemplados pelas políticas educacionais puderam adentrar à instituição, aumentando a participação dos indivíduos em práticas escolarizadas. Os usos digitais, além de terem aumentado a complexidade do fluxo de informações, dispõem da capacidade de influenciar hábitos, fazendo emergir novos gêneros que são produzidos para atender às novas demandas. Para encurtar as fronteiras entre escola e sociedade, os usos digitais da leitura e da escrita vêm sendo a principal ferramenta nesse processo que tanto é inclusivo como capacitador. A vida digital e os textos digitais permitem a confluência de esforços no campo da leitura, da escrita e da oralidade, na medida em que a escola, ao assimilar tais usos, dá contornos sociais significativos ao fazer e protagonismo estudantil. Os projetos de letramento (leitura e escrita) associados às tecnologias digitais oferecem a possibilidade de superar as barreiras de tempo e espaço nas interações e requererem pouco ou nenhum recurso financeiro. A pandemia da COVID-19 que assolou a humanidade nos últimos dois anos atingiu diretamente a realidade da educação brasileira. Em razão das mudanças ocorridas na modalidade de ensino, que passou de presencial ao virtual nestes dois últimos anos de pandemia, impactando o ensino de línguas tanto no ambiente digital quanto fora dele, este Simpósio pretende reunir trabalhos, que abordam os usos sociais da leitura e da escrita e nas práticas interativas permeadas pela fala e pela escuta, vinculados a diferentes campos e vertentes teóricas, que tenham como objetivo compartilhar experiências no contexto da sala de aula ou propor avanços teóricos ou epistemológicos para o processo de ensino e aprendizagem de línguas, nos mais diversos contextos (presencial, on-line ou híbrido) da educação básica.

Palavras-chave: Multiletramentos; Oralidade; Tecnologias digitais

 

O ensino-aprendizagem da pronúncia do inglês como língua franca, global e/ou internacional no contexto brasileiro atual

Eliane Nowinski da Rosa (Universidade do Vale do Rio dos Sinos)

Tendo em vista que o inglês é uma língua formada por diferentes sotaques e dialetos (nativos e não nativos) e que a maioria dos seus usuários são falantes não nativos, sabe-se que basear o ensino da sua pronúncia na imitação exata da fala do nativo anglo-americano e desconsiderar as necessidades linguísticas e sócio-político-culturais dos aprendizes não fazem mais sentido na atualidade. Por acreditar que o ensino dos sons e da prosódia do inglês demanda considerar seus diferentes sotaques e os interesses de seus aprendizes, este simpósio se propõe a acolher pesquisas concluídas ou em andamento que se fundamentem nas perspectivas de ensino do inglês como língua franca, global e/ou internacional (CANAGARAJAH, 2005; CRYSTAL, 1999, 2001, 2019; JENKINS, 1998, 2001, 2015; RAJAGOPALAN, 2009, 2014, 2019; SEIDLHOFER, 2004). Com este simpósio, espera-se não somente instigar uma reflexão sobre a necessidade de se trabalhar a pronúncia do inglês a partir de tais perspectivas, mas também criar um espaço para ouvir professores e/ou pesquisadores e dar-lhes voz.

Palavras-chave: ensino de pronúncia; inglês como língua franca; inglês como língua global; inglês como língua internacional

 

O ensino de literatura e o incentivo à leitura ao longo da pandemia

Ivson Bruno da Silva (Universidade Federal da Paraíba – UFPB)

Os desafios em torno do ensino de literatura e do incentivo à leitura sempre estiveram presentes na educação brasileira, sob prismas políticos, pedagógicos e sociais, objetivando ultrapassar o desinteresse pelo literário e alcançar um público leitor. As dificuldades para chegar a esse propósito são expressivas no ambiente escolar, onde o professor busca estratégias e metodologias que visem o interesse e a formação crítica dos alunos para a leitura. Atualmente, diante da pandemia do Covid-19, torna-se cada vez mais desafiadora a intervenção do professor que ambiciona a assimilação dos alunos com base no letramento literário, principalmente devido ao ensino remoto, que traz à tona alguns problemas, como a desmotivação dos estudantes, a falta de acesso à internet e a bibliotecas, o distanciamento pedagógico etc. Concorrendo para imprimir uma discussão teórica e crítica entre os pesquisadores acerca da prática docente no desenvolvimento da leitura literária, este simpósio temático acolherá trabalhos que reflitam acerca das possibilidades e impossibilidades que a atual situação educacional do Brasil enfrenta, devido à crise sanitária, no âmbito da literatura.

Palavras-chave: Ensino de Literatura; Incentivo à leitura; Pandemia

 

Práticas de multiletramentos em contextos digitais educacionais

Claudia de Souza Teixeira (IFRJ) e Rony Pereira Leal (IFRJ)

Considerando as transformações trazidas pelas tecnologias digitais às interações humanas e as exigências do ensino remoto durante o período da pandemia de Covid-19, este simpósio receberá trabalhos que relatem experiências pedagógicas de multiletramentos mediadas por plataformas ou aplicativos digitais e que reflitam sobre seus resultados. Os multiletramentos, segundo o Grupo de Nova Londres (1996), envolvem dois aspectos  essenciais: a multiplicidade de canais de comunicação e de mídia e a diversidade cultural e linguística das sociedades cada vez mais globalizadas. Esses dois aspectos estão interligados uma vez que a variedade crescente de tecnologias digitais de informação e comunicação amplia e propaga a diversidade cultural e multicultural. Deseja-se, portanto, divulgar práticas de ensino-aprendizado de línguas que considerem a multiplicidade de linguagens e recursos multimodais/ multissemióticos que permeiam as interações digitais entre os indivíduos na sociedade atual. Conforme a Base Nacional Comum Curricular - BNCC, “Os jovens têm se engajado cada vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se diretamente em novas formas de interação multimidiática e multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de modo cada vez mais ágil.” (BRASIL, 2018, p. 61). Assim, cabe à escola contribuir para os multiletramentos de seus alunos, ampliando sua competência discursiva para compreender e produzir a pluralidade dos textos que circulam na sociedade contemporânea, porém levando em conta também o papel de protagonistas nas práticas interativas. Para embasar as reflexões aqui propostas, deverão ser considerados autores como Rojo (2009, 2012), Rojo e Barbosa (2015), Rojo e Moura (2012), Ribeiro (2016), Kensy (2009, 2010, 2015), Cope e Kalantzis (2000, 2016), Kress (2000, 2010), Kress e Van Leeuwen (2006 [1996]), New London Group (1996), Santaella (2013), Kensky (2016) entre outros que tratem do ensino mediado por tecnologias, da multimodalidade/ multissemiose e dos multiletramentos. Os resumos deverão conter entre 200 e 300 palavras e explicitar o objetivo principal, o referencial teórico, a metodologia e os principais resultados das práticas relatadas.

Palavras-chave: TDICs; Ensino de línguas; Multiletramentos

 

Tecnologias digitais, ensino e formação de professor

Sandro Luis Silva (Universidade Federal de São Paulo)

A inserção de tecnologias digitais no processo de ensino-aprendizagem precisa, sempre, refletida, tanto na escola básica, quanto na formação - inicial e continuada - de professores, uma vez que elas fazem parte da vida cotidiana das pessoas em suas diferentes interações. Nos últimos dois anos, temos vivenciado a inserção das tecnologias digitais no processo de ensino-aprendizagem, sobretudo em virtude da pandemia coronavirus, mas foi perceptível que os sujeitos que participam da prática pedagógica nem sempre estavam preparados para o uso eficaz dos recursos que elas oferecem para o desenvolvimento de atividades em aula de aula. No entanto, mesmo contando com laboratórios de informática, recursos multimídias ou equipamentos com altas tecnologias, os resultados no processo educacional não têm sido satisfatórios, sobretudo no que diz respeito à leitura e à escrita de textos em vários gêneros de discurso. É preciso considerar os aspectos multimodais que constituem os textos que circulam socialmente, sejam impressos, sejam virtuais, uma vez que todo texto é multimodal. Cabe à escola - básica e superior - o desenvolvimento da competência leitora e da competência escritora dos sujeitos, valendo-se, inclusive, dos recursos midiático-tecnológicos, a fim de que se vislumbrem diferentes possibilidades de interagir com o outro. Para que seja atingido esse objetivo, faz-se necessário um trabalho efetivo com os diferentes tipos de textos e, consequentemente, com os discursos que eles trazem em seu bojo. É preciso ultrapassar os limites do código linguístico e considerar as diferentes modalidades de linguagem como produtoras de sentido de discurso(s). Partindo dos pressupostos teóricos da Análise de Discurso, sobretudo os estudos de Maingueneau (2011, 2016) e sobre os voltados para a tecnologias digitais (Coscarelli (2012, 2015), Ribeiro (2014, 2015)), além das questões relacionadas à multimodalidade (Dionísio, 2014; Kress, 1998), Kensky (201, 2014, 2016), este simpósio acolherá reflexões sobre a interface tecnologias digitais, ensino e formação - inicial e continuada - de professor, pelo viés da Análise de Discurso.

Palavras-chave: Discurso. Tecnologias Digitais; Ensino; Formação de Professor

 


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